Com a nulidade, processo retorna a TRT para ser feito laudo com outro
perito
A Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho determinou a realização
de nova perícia, com a nomeação de outro perito, após reconhecer a animosidade
entre o perito e o advogado de um eletricista da Intercement Brasil S.A.
caracterizou cerceamento de defesa. Ao constatar a ausência de imparcialidade
na elaboração do laudo, a Turma declarou a nulidade da decisão em que a
pretensão do empregado fora rejeitada.
Acidente
O eletricista, que trabalhou para a Intercement, grande empresa de
produção de cimento, em João Pessoa (PB), por 27 anos, requereu indenização por
dano moral e material por doença ocupacional decorrente de acidente de
trabalho. Ele conta que sofreu uma fratura ao ter o braço preso pelo elevador
da empresa e teve de passar por cirurgia.
O laudo pericial apontou que a fratura fora causada pela queda sofrida
no trabalho, mas estaria consolidada. O perito concluiu, ainda, que o
eletricista sofria de quadro degenerativo na coluna e no ombro que não era
decorrente do trabalho, afastando o nexo de causalidade.
Parcialidade
Ao alegar a suspeição do perito, a defesa do eletricista apontou a
existência de atritos com o advogado, que havia ajuizado dois processos contra
ele no Conselho Regional de Medicina (CRM) da Paraíba. Segundo o advogado, em
diversos processos do mesmo escritório, ele nunca havia reconhecido o nexo
causal, mesmo nos casos de acidente típico, o que revelava "parcialidade
evidente". Argumentou, ainda, que seus exames eram superficiais e que ele
não visitava os ambientes de trabalho.
A suspeição, no entanto, foi rejeitada e, com base no laudo, o pedido de
indenização foi julgado improcedente. A sentença foi mantida pelo Tribunal
Regional do Trabalho da 13ª Região (PB).
Animosidade
A relatora do recurso de revista do empregado, ministra Delaíde Miranda
Arantes, observou que, conforme a cronologia descrita pelo TRT, no momento da
realização da perícia médica não havia animosidade entre o advogado e o perito.
Mas, na apresentação do laudo pericial complementar, o conflito já havia se
iniciado, com reflexos em diversos processos.
Entre outros pontos, a ministra destacou que os quesitos complementares
ao laudo apresentados pelo eletricista foram respondidos mais de um ano depois,
sem qualquer justificativa. Ela também assinalou que, no laudo complementar, o
perito não se restringiu às questões técnicas, mas teceu comentários sobre a
elaboração das perguntas pelo advogado.
Na avaliação da relatora, esses comentários e esclarecimentos revelam
com clareza a animosidade entre o advogado e o perito, por ausência de
imparcialidade na elaboração do laudo complementar.
Nova perícia
Por unanimidade, a Turma determinou o retorno dos autos à Vara do
Trabalho para a reabertura da instrução processual e a realização de nova
perícia, com a nomeação de outro perito.
(LT/CF)
Processo: RR-401-52.2017.5.13.0022
Por Fram Marques, Jornalista DRT 2308/MTB-SE
Fonte: Tribunal Superior do Trabalho /
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