quinta-feira, 7 de julho de 2022

PF mira empresa de garimpo ilegal que movimentou R$ 16 bi e lavava dinheiro


PF mira empresa de garimpo ilegal que movimentou R$ 16 bi e lavava dinheiro
Foto: Divulgação


A Polícia Federal realiza na manhã desta quinta-feira (7) três operações que miram um grupo empresarial suspeito de garimpo ilegal de ouro e que movimentou cerca mais de R$ 16 bilhões entre 2019 e 2021.
 

O principal alvo das operações Ganância, Comando e Golden Green é o grupo empresarial da mineradora Gana Gold, atual M.M.Gold.
 

Segundo a PF, a empresa "esquentava" o ouro extraído ilegalmente em garimpos da região norte do país, Para isso, ela se valia de licenças ambientais inválidas, extrapolando os limites da licença de pesquisa que possuía.
 

A empresa não foi encontrada pela reportagem para comentar as acusações.
 

Somente na operação Ganância, autorizada pela Justiça Federal em Rondônia, 211 policiais cumprem 60 mandados de busca e cinco de prisão. Também foram autorizados o sequestro de seis aviões, quatro embarcações e mais de 600 veículos no Pará, Goiás, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Acre.
 

Já a operação Comando, deflagrada pela PF de São Paulo, teve início em uma apuração sobre tráfico de drogas por meio do uso de aeronaves que chegaram a um hangar onde também eram preparados aviões para transporte de ouro.
 

A PF descobriu que um desses aviões já havia sido alvo de uma ação em Sorocaba. Como mostrou a Folha, um carregamento de 78 kg de ouro foi apreendido após desembarcar em um avião na cidade do interior de São Paulo.
 

Enquanto a investigação de São Paulo também envolvia tráfico de drogas, a de Rondônia teve início com uma denúncia sobre lavagem de dinheiro de empresas de Porto Velho ligadas ao ramo da saúde.
 

Ao longo da apuração, os investigadores descobriram que "os recursos ilícitos injetados nas empresas da capital rondoniense eram oriundos do garimpo ilegal, praticado, pelo menos, desde 2012 pelos líderes da organização criminosa".
 

Ao se debruçar sobre os dados financeiros do grupo empresarial liderado pela Gana Gold, a PF diz ter descoberto que dezenas de investigados "movimentaram quantias milionárias e demonstraram possuir elevado patrimônio".
 

Eles também ocultavam os valores provenientes do crime, e alguns deles solicitaram e receberam o auxílio emergencial do governo federal durante a pandemia.
 

"Foi revelada uma movimentação de quantias bilionárias pelo grupo criminoso, com depósitos e saques milionários em espécie, empresas de fachada e transferências bancárias entre envolvidos", diz a PF.
 

Durante a investigação em Rondônia, a PF mapeou diversas formas de lavagem de dinheiro utilizadas pelo grupo.
 

Uma delas era por meio do uso de criptomoedas. Com o apoio de policiais especialistas no tema, a PF rastreou as transações em criptoativos e comprovou as suspeitas de lavagem de dinheiro.
 

A Controladoria-Geral da União também cooperou com as apurações e produziu um relatório sobre a M.M.Gold.
 

Segundo a CGU, a empresa "apresenta irregularidades desde o início da realização da pesquisa até a aprovação do Relatório Final de Pesquisa" para exploração do ouro.
 

"Embora a área do processo minerário esteja localizada em unidade de conservação de uso sustentável federal, não houve a autorização do ICMBio para a realização das atividades de pesquisa, inclusive com guia de utilização, bem como não houve adoção de providências pela ANM (Agência Nacional de Mineração) diante da ausência de apresentação da autorização do ICMBio", diz a CGU.



BAHIA NOTÍCIAS / Fabio Serapião | Folhapress

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