Cobertura da eleição pela TV está excessivamente dependente de índices de intenção de votos.
Importante ressaltar que o trabalho de institutos sérios, como Ipec e Datafolha, é confiável e necessário.
Aplicam critérios científicos e atuam de forma apartidária, ou seja, sem contaminação ideológica.
No aspecto geral, os acertos são maiores do que os erros. E os números aferidos são sempre um retrato de momento, não uma previsão.
Dito isto, não dá para relativizar a surra que a realidade das urnas deu nas pesquisas propagadas pelas emissoras.
Em casos relevantes, como na disputa presidencial e na corrida pelo governo de São Paulo, a imprecisão extrapolou muito a margem de erro.
Esse choque factual sobre as projeções serve de lição ao jornalismo em geral e, especialmente, à análise política feitas nos canais de TV.
O que se viu ao longo da cobertura até o 1º turno foi uma dependência perigosa dos índices.
A maioria dos comentaristas de política ficou ‘presa’ às pesquisas, sem considerar outros cenários.
Na GloboNews, alguns jornalistas no comando da apuração assumiram a surpresa com os resultados tão favoráveis ao bolsonarismo.
Já na Jovem Pan News, editorialmente alinhada ao presidente que tenta a reeleição, o clima era de euforia.
Por outro lado, constata-se que a influência da televisão é agora bem menor do que anteriormente.
O antibolsonarismo visto em TVs poderosas como Globo e CNN Brasil não afetou o eleitor conservador – ou talvez até o tenha estimulado a reforçar sua convicção.
Passado o susto, os jornalistas precisarão reavaliar a visibilidade e o peso dados às pesquisas e ampliar sua capacidade de análise para enxergar além do óbvio e do que acreditam.
Fonte: Terra / Jeff Benício
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